Investigação de fatores associados ao baixo consumo de frutas, legumes e verduras: abordagem nutricional a um grupo de idosos do bairro Ilha do Príncipe, Vitória – ES

Investigação de fatores associados ao baixo consumo de frutas, legumes e verduras: abordagem nutricional a um grupo de idosos do bairro Ilha do Príncipe, Vitória – ES

INTEGRANTES

Andrea Carina Borges Fink

Géscica Brandt Santana

Jorge Luiz Mies

Karem H. Jesus Cardoso

Mariana Rébuli Vieira

Thayane Monico Nascimento

PROFESSOR ORIENTADOR

Luciene Rabelo Pereira; Alessandra Garcia e Mayara Freitas

De acordo com o código de ética dos nutricionistas, é recomendado que os profissionais desenvolvam intervenções de caráter educativo com os públicos que trabalham. Para isso, é importante que utilizem bases científicas para respaldar suas intervenções e assim, popularizar importantes informações para promoção da saúde, orientando hábitos mais saudáveis aos indivíduos e aos grupos (BRASIL, 2018).

Este PIE, trata-se de um estudo descritivo exploratório, quantitativo e qualitativo, de base populacional e de corte transversal, realizado com um grupo de 10 idosos do Grupo Renascer, que comumente frequentam o Centro de Referência do bairro Ilha do Príncipe, no município de Vitória – ES, e que compareceram a pelo menos um dos três encontros.

De acordo com o Censo Demográfico do IBGE de 2010, o número de habitantes da Ilha do Príncipe é de 2.613, e a população de idosos representa 16,8%, totalizando 440 habitantes (IBGE, 2010). Como o último dado de referência é do ano de 2010, estima-se que essa população idosa tenha acompanhado a média de crescimento nacional.

A região da Ilha do Príncipe, passou a ser ocupada de forma desordenada pela população vulnerável da cidade de Vitória, em meados da década de 1920, após a construção da Ponte Florentino Avidos, que passou a ligar a Ilha, antes isolada e inabitada, ao continente (GOMES, 2015).

Para a realização do presente estudo, foi utilizada entrevista a partir de questionário estruturado, aplicado pelos estudantes do curso de Nutrição do Centro Universitário Salesiano sob supervisão dos professores responsáveis, a fim de realizar uma triagem para conhecer o perfil, os hábitos alimentares e a frequência de ingestão de FLV pelos idosos. De posse dessas informações foi possível conhecer as barreiras que os idosos encontravam para consumirem a quantidade recomendada pela OMS de FLV. A análise dos dados coletados permitiu um direcionamento para incentivar o consumo desses alimentos. Tal incentivo ocorreu por intermédio de duas oficinas de caráter interventivo, com o intuito de instruí-los em como reaproveitar integralmente os alimentos de acordo com a realidade econômica, cultural e social desses idosos.

Essas intervenções educativas foram solicitadas pela Secretaria de Assistência Social de Vitória ao Centro Universitário Salesiano, reafirmando a relevância da atividade acadêmica no atendimento à comunidade. Portanto, os benefícios da troca de diálogos entre acadêmicos e comunidade contemplam não somente a formação dos estudantes, mas também à Secretaria e, claro, aos idosos.

 

3.1. Primeiro encontro

No primeiro encontro, aferiu-se as medidas antropométricas e subsequentemente a aplicação do questionário. A análise do estado nutricional dos idosos foi avaliada por meio da coleta dos seguintes dados: peso, estatura, circunferência da cintura e da panturrilha.

Para a mensuração do peso e altura foi utilizada balança digital com capacidade de 200 kg, com régua antropométrica embutida, retrátil de até 2 m, com graduação de 0,5 cm, da marca Balmak. Os idosos foram pesados em pé, descalços, com o mínimo de vestimenta e, para a medida da altura, sem adereços na cabeça. A partir dos dados coletados de altura e peso, foi possível calcular o Índice de Massa Corporal (IMC), medida preconizada pelo ministério da saúde, para diagnóstico de estado nutricional para cada fase do curso da vida. 

O protocolo utilizado para aferição da circunferência da cintura, foi a medida de dois dedos acima da cicatriz umbilical, sendo a leitura realizada no momento da expiração, e da circunferência da panturrilha, foi utilizada fita métrica inelástica, aferição no lado não dominante do corpo, indivíduo sentado com as pernas em um ângulo de 90 graus. Após a aferição das medidas, os idosos responderam a um questionário com perguntas referentes ao consumo de FLV, condições socioeconômicas e apontamento da existência de doenças crônicas não transmissíveis (diabetes mellitus, cardiovasculares e hipertensão).

O encontro seguiu com uma conversa, onde os idosos manifestaram interesse em receber orientações para a conservação, armazenamento e reaproveitamento integral de FLV e, também, sobre a quantidade de açúcar, sódio e gordura presente em alguns alimentos industrializados. Ao final desse primeiro encontro, foi realizado um lanche com patê de inhame e torradas.

3.2. Segundo encontro (primeira intervenção)

Nesse encontro foi realizada a apresentação dos alimentos industrializados, como macarrão instantâneo, biscoito recheado e de maizena, salgadinho frito de milho, refrigerante e suco de caixinha, e suas respectivas quantidades de açúcar, sódio e gordura, dentre outras informações em relação a tabela nutricional desses alimentos. Em seguida, houve a apresentação do material em slides, referente à conservação e armazenamento de FLV, utilizando projetor, com apresentação oral quanto a dicas de compras, durabilidade dos alimentos, métodos de conservação e armazenamento.

Os idosos receberam um folder com orientações sobre Armazenamento e Conservação de FVL e uma atividade de ligar as FLV às suas corretas técnicas de armazenamento e conservação. Ao fim da intervenção foi compartilhado um lanche com torta de legumes e suco de abobrinha, sem adição de açúcar.

3.3. Terceiro encontro (segunda intervenção)

Nesta intervenção foi apresentada as quantidades de sódio em alguns temperos prontos industrializados, uma lista de alimentos com preço mais acessível que podem substituir nutricionalmente alimentos que se encontram mais caros, e a adequação de vasilhas plásticas para armazenar alimentos, sem BPA.

Em seguida, foi realizado um jogo de bingo nutricional, foram escolhidos 53 alimentos para compor a cartela do bingo, contendo 12 casas em cada cartela, em vez de números, como um bingo tradicional, foram utilizados os nomes dos alimentos, entre frutas, verduras e legumes. O prêmio para o vencedor do jogo foi uma cesta de FLV.

Com o intuito de estimular a curiosidade e despertar a vontade de consumir os alimentos de forma integral, foi servido um lanche composto por um pão de abóbora com casca e um bolo integral de maçã com aveia. Foi entregue a cada participante um livreto contendo seis receitas, das quais cinco foram servidas durante os encontros.