TENDA VERMELHA – RODAS DE CONVERSA

TENDA VERMELHA - RODAS DE CONVERSA

INTEGRANTES

DIANNI PEREIRA DE OLIVEIRA

Thais Barbosa

Caroline Firmo Alamino Ribeiro

Fernanda Aparecida Thomes

Layara Pereira da Costa

LUIZ CARLOS LUCHI

PROFESSOR ORIENTADOR

Luanna Del Carmen Barbosa Mattano

RESUMO DO PROBLEMA

Este projeto buscou trabalhar com mulheres, mães de crianças e adolescentes atendidos pelo Instituto João XXIII que já possuem um espaço próprio para suas trocas simbólicas, construído no cotidiano da instituição por meio dos cursos de música e esporte oferecidos por ela, enquanto às mulheres historicamente recai um peso maior de responsabilidades e tarefas domésticas (ROMAGNOLI, 2015), cuidando dos filhos e das demandas cotidianas, reservando pouco ou nenhum momento para pensar, refletir e falar de si. Desse modo, a principal demanda do projeto foi criar um espaço de atendimento, sob forma de rodas de conversa, para essas mulheres à luz da Psicologia, utilizando propostas que oportunizassem um cuidar de si.

ESCOPO DA SOLUÇÃO

Compreendeu-se que tais demandas facilmente as levam à exaustão, diante dos cuidados requisitados por todos os membros da família. Muitas vezes a própria mulher internaliza, nas relações de poder vigentes na sociedade, que cabe a ela a obrigação desses afazeres, dispensando muito pouco tempo para cuidar de si mesma, descansar ou buscar meios de lazer (PORTO, 2008 apud MACÊDO, 2020). Diante disso, a proposta deste trabalho foi oportunizar espaços seguros de fala e de escuta acolhedora, por meio de rodas de conversa, trazendo a possibilidade de relato de si mesmas, de suas caminhadas, lutas e conquistas, não somente para darem o contorno de suas próprias experiências, mas também para que estas mesmas experiências fossem visíveis a outras mulheres em contextos semelhantes, formando uma rede de apoio e ajuda mútua.

O objetivo desse projeto foi promover espaços seguros de fala e escuta acolhedora das mulheres-mães cujos filhos são atendidos pelo Instituto João XXIII, visando a percepção de suas próprias vivências, ressignificando o processo de construção de si mesmas, seus modos de ser e estar no mundo. Buscou-se trabalhar com as mulheres-mães das crianças atendidas pelo Instituto para construir espaços e de fala e escuta para elas, discutindo assuntos relacionados às questões da materinidade, do sonhos e projetos para o futuro, das memórias e formas de ver a si mesmas e o mundo ao redor.

Dividido em oito encontros de 2 hors cada, sempre aos sábados, das 08h às 10h, cada encontro teve uma temática específica para que as mulheres pudessem discutir, de acordo com suas necessidades. O primeiro encontro utilizou um fio de lã vermelha para conectar as histórias por elas contadas; no segundo foram discutidos os modos de ser mulher e mãe na contemporaneidade; o terceiro buscou refletir sobre a construção da subjetividade de cada uma por meio da pergunta “Quem sou eu?! escrita em um espelho; o quarto encontro trouxe reflexões sobre o conto A Moça Tecelã de Marina Colasanti e discutiu o trabalho de tecer (planos, sonhos, projetos) para si e para os outros; o quinto encontro trabalhou a dança como forma de expressão corporal de sentimentos e utilizou a música Triste, Louca ou Má de Francisco El Hombre; o sexto encontro trabalho o título “Sonhar e trilhar um caminho de metas para alcançar seus objetivos “, utilizando como dinâmica uma trilha na qual as mulheres construíram um percurso para alcançar seus planos e metas para o futuro; o sétimo encontro discutiu a metáfora das pedras como símbolos de problemas e questões pelo caminho, ressiginificando esses símbolos por meio da pintura desses objetos, dando a eles novos modos de olhar; o oitavo e último encontro foi celebrado com um lanche coletivo e a retomada dos encontros vividos.

 

DESCRIÇÃO DO RESULTADO

Erguer as paredes simbólicas da Tenda Vermelha foi um trabalho realizado a muitas mãos. A Psicologia Social, que balizou nossas escolhas metodológicas e abordagem prática, lembrava-nos a cada encontro que cada mulher ali se constitui como sujeito sócio histórico, fazendo parte de um coletivo social que embora tenha processos de adoecimento pessoal o faz conjuntamente, sobretudo em um contexto de pandemia global. Buscamos compreender os modos de subjetivação que fortalecem os vínculos de pessoas com seus pares, sua comunidade, suas origens e referências, enquanto também nos encontramos secretamente com nossas próprias expectativas, enquanto estudantes do curso de Psicologia. Tivemos uma experiência que também foi observada pela equipe à frente do Instituto João XXIII, participantes do grupo virtual de trocas. Para encerrar nosso projeto, entendemos ser relevante a perspectiva do relato do único homem entre as mulheres, tanto convidadas como alunos do curso de psicologia da UNISALES:

“Sendo o único homem do grupo, imerso entre os relatos das vidas de todas estas personagens, trazendo suas histórias, alegrias e sofrimentos, mudou meu modo de entender o outro ao meu lado. Entendi que só quem pode revelar o outro é ele mesmo, contando a história de sua vida pelo seu ponto de vista e não do meu. A mim cabe o esforço de tentar entendê-lo e se não conseguir, devo ouvi-lo de novo, e de novo, até alcançá-lo”

NÚMERO DE PESSOAS IMPACTADAS

Aproximadamente 34 pessoas